Dona Aparecida Costa
Ela tinha uma voz poderosa e mágica que sabia me encantar quando lia um poema e ainda ser firme e clara quando explicava a matéria.
Ela não era chique e nem cheia de charme. Por isso, seus cabelos sempre com o mesmo penteado, sua bolsa comum e as suas infalíveis sandálias ( uns dois pares ). O andar suave da chegada da Dona Aparecida nos avisava, mas assim que ela aparecia na porta da sala de aula, ela brilhava e sua grande sabedoria preenchia a sala.
Nunca ouvi minha professora aumentar o tom de voz. Bastava a sua chegada e já nos púnhamos no nosso lugar. Voz poderosa, aveludada e mágica que sabia modular-se em doçura quando lia Camões. Felicidade para mim foi quando ela pegou um rascunho de uma aula que eu daria, no curso de Magistério, e leu. Leu procurando analisar o que e como estava escrito naquele papel.
Ela me transportou para um mundo irreal com seus sons melodiosos, pausas, tons, ritmos e comentários. Ao ouvi-la, senti um frio na barriga, tamanha a sua capacidade e generosidade. Não me lembro de ter recebido alguma crítica, mas vindo dela, com certeza, seria um presente.
Que poder teve e tem a Dona Aparecida Costa em minha vida, pois permanece tão presente, viva em meu coração, mesmo tendo 34 anos passados.
Quando ela passou por mim pela última vez, não tive coragem de lhe dizer que lamentava muito e que sabia que jamais encontraria uma professora à sua altura.
Sempre quis ser como a Dona Aparecida Costa em sua simplicidade, competência, generosidade, em seu chegar tão leve e sereno, mas deixando tanta saudade e uma vontade louca de sempre tê-la presente em mim.
Texto de: Rosina de Almeida Netto
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